domingo, 3 de julho de 2011

Sacramentos e Sacramentais


Sacramentar o amor
comprometido

                  Quando se vive um grande amor por uma pessoa que nos ama, ali todas as coisas, que a ela se referem, começam a falar e se impor como parte integrante de nossa vida e de nossa história. O pensar sacramental, o olhar sacramental e a comunicação sacramental vão se construindo no jogo do encontro, do encantamento e da percepção existencial da relação comprometida, como aliança de vida.
Compromissos sérios precisam ser sacramentados
A consulta a um dicionário popular pode acender luzes de entendimento. No dicionário Aurélio, o verbo sacramentar significa legalizar ou preencher todos os requisitos de documento, compromisso, trato etc. Também significa imprimir caráter sagrado; tornar sagrado o que na vida é relevante. Sacramentar é uma ação de dignidade; é dar seriedade na relação; é tornar credível o compromisso assumido com honradez. Quanto mais se preza a vida pessoal e a dos outros, maior deve ser o compromisso mútuo. Humanamente, a incapacidade de assumir o que foi sacramentado denota uma decadência de valores, que, subliminar ou ostensivamente, geram a cultura da desconfiança e da morte.
Deus sempre sacramentou seu amor
Começamos acenando para a própria vida humana como grande sacramento de Deus na História. "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança" (Gn 1,26). Nossa própria existência está sacramentada por Deus, que nos cria amando e nos ama criando com encantamento e cuidado comprometido. Deus quis sacramentar em nós e por nós o seu compromisso de amor com a vida no cenário do mundo e da História.
Se o firmamento e as águas, os peixes e as aves, a terra, as árvores e os frutos, a luz, o dia e a noite, "tudo era bom", quando criou o homem, "à sua imagem e semelhança" , Deus se encantou ainda mais e viu que "era muito bom!". Seria um absurdo imaginar um Deus desencantado com sua obra-prima de amor. Não cremos num deus frio e calculista! Cremos em Deus sempre capaz de sacramentar seu compromisso criador e seu amor gracioso, respeitando a nossa liberdade.
Somos um pensamento eterno de Deus, Um sonho eterno de Deus, Um projeto eterno de Deus, Um ideal eterno de Deus, Um tu ao qual Deus se volta sempre comunicando a graça da vida.
O pecado como negação
O pecado tornou-se e continua se tornando no mundo uma tentativa sempre frustrada e frustrante. A liberdade humana, querendo sacramentar o compromisso com a vida a partir dos próprios critérios do bem e do mal, nega a "imagem e semelhança de Deus", sacramentada em nossos corações.
O pecado é sempre um desajuste nas relações e um atentado ao compromisso com a vida. Esta realidade continuamos vendo no cenário da corrupção, da agressão ao ecossistema, do medo que se multiplica e da cultura de morte. É sempre ameaçadora a mentalidade dos que se imaginam deuses, dos que se acham os primeiros e os últimos, como aquele que disse: "Depois de mim, o dilúvio".
O ser humano tende à rebeldia e à teimosia. Hoje é fiel e amanhã já rompe o compromisso e desmancha o contrato. Apesar das infidelidades a uma aliança sacramentada, Deus é sempre fiel. Ele não cessa de inventar maneiras para conquistar o coração humano. Ele continua apaixonado por sua criatura preferida: a pessoa humana. Por ser assim, apesar do pecado, Deus continua sacramentando sua Palavra criadora e salvadora através dos juízes, patriarcas e profetas.
Conclusão
Toda a história humana e do mundo está sacramentada pela fidelidade de Deus que não cansa de amar, porque "eterno é seu amor!". Não há desgaste em seu projeto, apesar das rebeldias humanas. Quanto mais vamos nos adentrando na experiência sacramental, mais nos damos conta de que Deus é sempre surpreendente. N'Ele nossa esperança nunca fica decepcionada. Este dinamismo sempre criador e redentor está ao nosso alcance. Importa sintonizar e acolher esta graça transformadora do mundo.
Frei Luiz S. Turra, pertence à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Revista Família Cristã – Dezembro/2010

Perguntas:

1. Como experimentamos a fidelidade de Deus em nossa vida?
2. Se não levamos a sério o compromisso sacramentado do amor de Deus, de quem é o prejuízo?
3. Como podemos responder à aliança que Deus sempre renova conosco?
                                                          Nóe.

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